O programa 98 Talks recebeu na noite desta segunda-feira (16) o veterano de guerra do exército americano, Sargento Cléber Serpa Ferreira, que lutou contra o regime talibã. O militar é nascido no Brasil, mas tem cidadania americana e chegou em uma base militar perto de Candahar, no sul do Afeganistão, em 2010 para uma missão que terminaria um ano depois após o blindado em que estava ser atacado pelos talibãs. Na ocasião, mesmo ferido (que lhe rendeu uma sequela na coluna que ele carrega até hoje), Ferreira conseguiu salvar os colegas de tropa. A ação rendeu um condecoração do então presidente Barack Obama dada a ele na Casa Branca.
O militar contou que no período em que ficou no Afeganistão, se chocou com a diferença cultural. “Eu via mulheres e crianças sendo espancados no meio da rua pelos homens, ei vi mulher sendo colocada para dentro de casa debaixo de chicote, como se fosse um bicho e vi também afegãos fazendo um cão de bola de futebol”, relembrou o veterano.
Os aspectos políticos também foram citados no programa. “Em 20 anos de bases americanas no Afeganistão, tivemos quatro presidentes e quando um passava o bastão para o outro, passava junto o abacaxi da guerra, mas cada um tinha uma maneira de trabalhar essa questão: Trump, por exemplo, quis retirar as bases, mas não aceitava negociar com o Talibã, mas o Biden, por exemplo, já tem uma característica que prevalece a conversa, o diálogo com o Talibã”.
Sobre a expectativa do povo afegão com o retorno do regime talibã, o militar foi taxativo. “Posso dizer que podemos esperar o pior, a barbárie já foi instaurada, porém, por uma questão de marketing e por causa da mídia, o sistema talibã vai começar com uma mão não tão pesada, mas nada de bom virá com o sistema Talibã, para começar pelas mulheres que não podem estudar, não podem dirigor… o mundo todo perde ao ver um sistema como o talibã voltando ao poder”, completou.
Sobre a atual situação no Afeganistão, Ferreira diz que está em contato com um amigo afegão que foi tradutor de sua tropa e que conseguiu fugir para a Alemanha. “Mas a família dele já foi pega pelos talibãs, ele me contou hoje, tudo por represaria por ele ter trabalhado para os amercianos, mas não tive coragem de perguntar que punição eles tiveram”.
A entrevista completa você acompanha abaixo: