Em coletiva realizada nesta quarta-feira, (26/03), o médico Enaldo Melo de Lima, responsável pelo tratamento do ex-prefeito, esclareceu informações sobre o processo de recuperação de Fuad Noman e sobre como o tratamento e a doença afetaram o político durante o período da campanha eleitoral.
“Ele não era um jovem para para enfrentar isso. Ele sabia disso. Eu que acompanhei ele durante esse período todo, eu via de forma diferente. Ele teve muito estímulo do ponto de vista de lutar pela eleição, lutar pela vitória, pela campanha.”
Segundo Enaldo, mesmo com a idade avançada e os problemas de saúde anteriores, a campanha de Fuad não foi o que causou as infecções e os demais problemas sofridos pelo ex-prefeito durante o tratamento.
“É óbvio que em um senhor de 77 anos isso tem o impacto orgânico, mas ele nunca teve nenhuma infecção relacionada à exposição dele na campanha. As infecções foram posteriores, foi depois que ele já tinha terminado o tratamento oncológico. Foi decorrente ao processo de paralisação dele. O período da campanha em si foi o melhor período dele, ele teve uma força, assim, descomunal. Ele era uma pessoa muito forte, muito resiliente e determinado.”
O médico também esclareceu que a decisão de seguir com a candidatura e, posteriormente, com o exercício de prefeito, foi de Fuad: “A decisão foi pessoal dele, mas a família, tanto dona Mônica como Paulo, como Gustavo, não queria especificamente que ele fosse candidato, mas ele estava determinado a isso. Mas ele foi orientado das possibilidades de complicações e sequelas.”
O político estava decidido a se eleger como prefeito de Belo Horizonte. Enaldo conta que a determinação do ex-prefeito foi um dos principais fatores que ajudaram na campanha e a superar o tratamento: “No dia do segundo turno, na vitória dele lá no comitê, eu vi a realização pessoal dele, que ele se dedicou no tempo que ele tinha de vida para fazer essa realização. Eu não tenho dúvida que ele privou de parte da saúde dele pela campanha e pela eleição, mas ele era um homem realizado assim.”
O médico disse também que “Ele legitimou o que ele buscou como prefeito, como a eleição dele, ele tinha sido eleito como vice-prefeito anteriormente, mas ele buscou a legitimidade dele como prefeito eleito, que ele conseguiu. Eu tive o privilégio de ser o médico assistente dele, contar com a confiança dele, de toda a família, durante todo o curso do tratamento”.
O tratamento de Fuad
O médico, que acompanhou o tratamento do ex-prefeito desde o início, disse que o diagnóstico do Linfoma não-Hodgkin de Fuad foi dificultado por uma série de fatores.
“Ele teve o diagnóstico em junho de 2024, mas ele já tinha sintomas desde o ano anterior. Foi muito difícil, porque esse tipo de linfoma, o local do acometimento, não é uma doença, não tem um checkup para isso, você não faz um um exame de checkup para ver o testículo. Ele ia em médico, ele não deixou de ir aos médicos, ele tinha consultas regulares, procurava os profissionais, só que os sintomas eram muito difíceis de diagnosticar, para o não especialista.”
Mesmo com as dificuldades iniciais, Fuad prontamente começou os tratamentos logo após o primeiro diagnóstico. O tratamento precoce foi crucial para auxiliar na cura do linfoma, contudo, o político sofreu por complicações anteriores ao câncer.
“Ele era idoso, a questão da idade tem influência, sim. E ele tinha outras doenças associadas, principalmente problemas cardíacos. O problema cardíaco dele era um problema muito grave. E teve repercussão durante o tratamento. Na fase inicial, ele teve várias situações de arritmia que foram relacionadas ao problema cardíaco original e também ao próprio tratamento. O tratamento em si trouxe para ele distúrbios não só neurológicos, periféricos, como também cardíacos.”
Enaldo também esclareceu que, mesmo com complicações inerentes ao tratamento, o câncer de Fuad não voltou durante o tratamento. Porém, “o tratamento foi tendo complicações decorrentes não só do câncer inicial, mas também do tratamento a que ele foi submetido”.
Após a fase inicial terapia e o fim da campanha eleitoral, Fuad havia decidido descansar antes de tomar posse. Apesar da vontade, a saúde não permitiu que o político pudesse tirar férias.
“Ele pretendia inclusive descansar alguns dias, tirar férias com dona Mônica e ele já não conseguia mais. Ele começou a ter acometimento neural, que é cumulativo. O ajuste dos remédios durante o tratamento foi muito complexo, porque não tinha grande tolerância dos remédios quimioterápicos.”
Licenças médicas
Durante o tratamento, o prefeito teve algumas licenças médicas de seu exercício. Enquanto isso, o vice-prefeito Álvaro Damião exercia as atividades e funções estipuladas na agenda política da Prefeitura de Belo Horizonte. Segundo o médico de Fuad, as licenças eram um pedido da família do político.
“Era uma solicitação da família. Eles determinavam um período que eles queriam, assim como também as informações do sigilo médico relacionado ao que eles queriam que informassem nos boletins médicos.”
Veja o pronunciamento de Álvaro Damião abaixo ou clique aqui.
*Estagiário sob supervisão do editor Wagner Vidal