Com a chegada do recesso escolar, aumenta o tempo das crianças em casa — e também o risco de acidentes domésticos. De janeiro a junho deste ano, o Hospital João XXIII, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, registrou 2.600 atendimentos a crianças vítimas de acidentes, segundo dados da Fhemig.
Metade dos atendimentos envolve crianças de até 5 anos
Entre os casos registrados, quase metade (1.263) envolveu crianças de 0 a 5 anos. O principal motivo de atendimento nesse grupo foi a ingestão de corpos estranhos — como peças pequenas, grãos e objetos — com 556 ocorrências apenas no primeiro semestre. Também foram frequentes quedas da própria altura e queimaduras.
Crianças maiores também correm riscos
Mesmo em idades mais avançadas, o ambiente doméstico pode representar perigo. Um dos casos recentes foi o de Davi Lucas, de 11 anos, que caiu da escada e sofreu traumatismo craniano e fratura no dedo mindinho da mão esquerda. A mãe, Rosalva Neves, contou que ele estava sem a órtese que costuma usar por conta de um defeito no equipamento. “Ele se desequilibrou e caiu desmaiado. Na hora corri com ele para o hospital”, relatou Rosalva, que elogiou o atendimento no João XXIII.
Queimaduras são comuns durante as férias
De acordo com André Marinho, coordenador do Trauma Pediátrico do Hospital João XXIII, as queimaduras estão entre os acidentes mais comuns nesse período. Ele alerta para o acesso das crianças à cozinha sem supervisão adulta. “Os pais devem redobrar a atenção e preferir usar as bocas traseiras do fogão ao cozinhar”, orienta.
Medidas de prevenção
Entre as recomendações para um ambiente mais seguro, o especialista destaca:
- Guardar produtos de limpeza e medicamentos em locais trancados
- Instalar telas de proteção em janelas e escadas
- Adaptar os cuidados de acordo com a idade da criança
- Exigir o uso de capacetes, joelheiras e cotoveleiras em brincadeiras com bicicleta, patinete e similares
- Sempre que possível, garantir a presença de um adulto durante as atividades
O que fazer em caso de acidente
Marinho também orienta sobre as ações iniciais em caso de urgência:
- Traumatismo craniano: manter a criança acordada até a avaliação médica
- Queimaduras: lavar o local com água corrente e temperatura ambiente, sem usar pomadas, cremes ou gelo
- Intoxicação: levar a criança imediatamente ao hospital sem oferecer alimentos, líquidos ou medicamentos, e não provocar vômitos
Em qualquer um desses casos, o Samu (telefone 192) pode ser acionado para socorro imediato.