Começou em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, a terceira edição da Semana da Moda, evento que reúne rodadas de negócios, desfiles de vendas e visitas a fábricas. A programação, que vai até sábado, tem como objetivo valorizar a produção local e aproximar micro e pequenos empresários de lojistas de Belo Horizonte e de outros estados, ampliando mercados e gerando novas parcerias comerciais.
Além do impacto nos negócios, a semana também dá visibilidade a histórias de trabalhadores e empreendedores que vivem da moda. São costureiras, modelistas e pequenos donos de confecção que transformaram habilidades artesanais em fonte de renda e que hoje integram a engrenagem de um dos setores mais fortes da economia mineira.
Neli Chagas, matriarca da CH3, costura desde os 14 anos. Hoje, aos 81 anos, relembra um começo difícil, mas comemora onde ela e as filhas Eliana e Glória chegaram.
“Eu comecei fazendo peça íntima. Catava os retalhos que eles jogavam fora nas malharias, porque é o que dava para fazer, né? E comecei assim. Aí, as meninas minhas, que já eram moças, já trabalhavam, resolveram sair do serviço e se uniram a mim. Aí, nós começamos”, explica dona Neli.

Interior de uma das inúmeras confecções que transformaram Divinópolis em um polo da moda mineira
O polo de moda de Divinópolis reúne mais de mil empresas, gera três mil empregos diretos e movimenta R$ 614 milhões por ano, com 18,5 milhões de peças produzidas anualmente, segundo o Instituto de Estudos e Marketing Industrial.
Só que, mesmo com esse volume de negócios, ainda falta visibilidade, segundo os lojistas. Por isso, a iniciativa da Prefeitura de Divinópolis de colocar a cidade na vitrine durante a Semana da Moda.
De acordo com Igor Cardoso, secretário municipal de desenvolvimento Econômico de Divinópolis, “a cidade é a segunda do estado de Minas Gerais com o maior número de empresas ativas no segmento de confecção e segmento têxtil, o que representa, no faturamento total, quase 4% do faturamento bruto dessa indústria no segmento mineiro”.
Igor chama atenção também para a força do setor no PIB do município. “Isso em números de Divinópolis representa que, a cada oito empresas, uma é do setor da moda, uma é do setor da confecção ou o setor têxtil. O que revela que esse setor em Divinópolis representa quase 10% do nosso PIB, mostrando muita pujança muita força desse segmento”, argumenta o secretário.
Para o Sebrae, que organiza o evento em parceria com a Prefeitura e o Sindicato do Vestuário, a Semana da Moda conecta a tradição da costura com novas oportunidades de negócios, fortalecendo o protagonismo econômico da moda mineira. Denis Magela, analista de negócios do Sebrae, destaca a importância do evento.
“A Semana da Moda é um marco aqui na cidade de Divinópolis, porque ela ajuda a resgatar essa questão do município se posicionar como um polo de modas. Então, ela ajuda de forma direta, não só na promoção da moda de Divinópolis, mas incentivando também os produtores de moda a ter essa sensação positiva de estar participando de um polo, e que esse polo ainda tem crescido ao longo do tempo”, diz Magela.
Dentro desse processo de fortalecimento, a Inteligência Artificial é um dos mecanismos que começa a ser aplicado na cadeia da moda, como afirma Raquel Canaan, analista do Sebrae Minas.”
Ela conta que o Sebrae está “trazendo a IA como suporte para desenvolvimento de coleção, explorando um pouco mais isso, até pensando na estrutura do pequeno negócio, que muitas vezes não tem uma equipe muito robusta. Então, a IA vem para dar esse suporte, para que eles consigam otimizar a produção, melhorar a qualidade dos seus produtos, tendo esse suporte como ferramenta”.
No cenário estadual, o setor de vestuário fatura R$ 15,6 bilhões por ano, com 539 milhões de peças produzidas, e Divinópolis se consolida como o maior polo confeccionista do interior, estratégico para geração de renda e expansão de mercado.