Fim da obrigatoriedade de autoescola: impacto em empregos e segurança

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Presidente do Sindauto-MG, Alessandro Dias, em participação na 98 News (98 News/Reprodução)

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A recente declaração do ministro dos Transportes, Renan Filho, sobre a possibilidade de acabar com a obrigatoriedade da formação em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) gerou reação imediata do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais (Sindauto-MG). A entidade afirma que a medida pode provocar impactos econômicos graves, risco de aumento nos acidentes e precarização na formação de motoristas.

Em entrevista na 98 News nesta segunda-feira (4/8), o presidente do Sindauto-MG, Alessandro Dias, Minas Gerais conta com mais de 2 mil autoescolas e cerca de 20 mil empregos diretos no setor. “Uma mudança dessa magnitude, anunciada sem diálogo prévio, ameaça não só postos de trabalho, mas também a segurança no trânsito. O Brasil já registra mais de 40 mil mortes por ano em acidentes, e a formação adequada é essencial para reduzir esses números”, afirma.

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Custos e realidade do processo de habilitação

Para Alessandro, o discurso de que a medida reduziria em até 80% o custo da CNH é ilusório. Ele explica que grande parte do valor pago pelo candidato vai para taxas do Estado e exames obrigatórios, que não dependem das autoescolas. “Somente a Licença de Aprendizagem (LADV), um documento impresso em papel comum, custa quase R$ 100. Além disso, há custos fixos de estrutura, veículos e equipe exigidos por lei”, pontua.

O presidente destaca que eliminar as aulas práticas pode gerar mais reprovações e, consequentemente, mais gastos para o candidato. “Sem preparo, o aluno falha na prova e precisa pagar para refazê-la. Isso encarece e desestimula”, diz.

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Burocracia e necessidade de modernização

Embora reconheça que o processo de habilitação no Brasil é burocrático e ultrapassado, Alessandro defende que mudanças sejam feitas com debate público e foco na modernização. Ele cita a variação de regras entre estados e a morosidade nos exames práticos como fatores que encarecem e dificultam o acesso à CNH. “O problema não é a autoescola, e sim o modelo. É preciso atualizar, mas sem abrir mão da segurança”, ressalta.

Contradição com a CNH Social

O dirigente também vê incoerência no fato de que, enquanto se discute acabar com a exigência de autoescola, entra em vigor no próximo dia 12 de agosto a lei da CNH Social, que garante gratuidade para pessoas de baixa renda. O programa será financiado por um fundo federal que acumula mais de R$ 8 bilhões e não vinha sendo utilizado.

Falta de diálogo com o setor

Alessandro afirma que não houve comunicação oficial do governo com o setor após a declaração do ministro. Uma reunião com representantes do governo federal está prevista para hoje, com o objetivo de esclarecer se a proposta seguirá adiante. Ele reforça que qualquer mudança precisa passar pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e, idealmente, pelo Congresso Nacional.

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“Não se pode mudar uma regra que impacta milhares de empresas e meio milhão de candidatos em processo de habilitação em Minas Gerais sem ouvir a sociedade. Segurança no trânsito é questão de saúde pública”, conclui.

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Carol Ferraris

Jornalista, pós graduada em produção de jornalismo digital pela PUC Minas. Produtora multimídia de entretenimento na Rádio 98, com passagens pelo Estado de Minas e TV Alterosa.

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