A França voltou a afirmar que não assinará o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, alegando que o tratado “condenaria seus agricultores”. A declaração da ministra francesa da Agricultura escancarou uma realidade que muitos preferem esconder. Essa é a nova face do protecionismo global — agora disfarçado de preocupação ambiental ou de defesa sanitária.
Na prática, o que a França está fazendo é erguer barreiras não tarifárias, com exigências técnicas e sanitárias cada vez mais rígidas, para proteger um setor agrícola que não consegue competir com a produtividade e a eficiência do agronegócio brasileiro. A agricultura francesa é altamente subsidiada e dependente de um mercado europeu fechado, protegido e artificialmente sustentado por recursos públicos.
Enquanto o Brasil consegue produzir mais, com menos terra e menor custo, o campo francês é mantido por políticas de subsídio e tarifas que distorcem a concorrência. A fala da ministra, portanto, é quase uma confissão de ineficiência. É um aviso de que a França quer preservar seus produtores, mesmo que isso signifique prejudicar o livre comércio e os consumidores europeus.
O acordo entre Mercosul e União Europeia, se ratificado, geraria ganhos econômicos para todos os países envolvidos. O livre comércio aumenta a eficiência, reduz custos e estimula a inovação. Mas, como toda política pública, ele cria ganhadores e perdedores — e é justamente por isso que grupos de interesse, como o agronegócio francês, lutam tanto para manter as barreiras.
Em economia, não existe alquimia. O protecionismo pode até parecer uma solução de curto prazo para certos setores, mas, no longo prazo, elimina a competitividade, encarece produtos e reduz o bem-estar coletivo. Países que se fecham ao comércio internacional acabam estagnados. Aqueles que se abrem, prosperam. E o Brasil sabe bem como essas coisas funcionam.
A fala da ministra francesa é o retrato fiel de um continente que começa a perder espaço no mercado global para regiões mais eficientes e competitivas. O Brasil, por sua vez, precisa seguir defendendo regras claras, previsibilidade e abertura comercial — porque são esses os motores do crescimento sustentável e da geração de riqueza.
Agora, o Brasil também precisa dar sua contrapartida em outros segmentos.
