Filho não é aposentadoria

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Porque, no fim das contas, filho não é aposentadoria (FreePik)

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Ainda escuto por aí a ideia de que os filhos são o plano de aposentadoria dos pais. Atualmente, nove em cada dez aposentados no país vivem apenas com a renda do INSS (ANBIMA, 2023). Sabemos que a renda da previdência pública em poucos casos é capaz de sustentar uma terceira idade com qualidade, o que tende a se converter em alguma dependência do suporte dos filhos. O que deveria ser um ambiente de afeto e cuidado pode migrar ao campo da contribuição financeira recorrente ou mesmo da obrigação.

E o efeito disso vai muito além da conta do mês. Pense em um filho que, por amor e responsabilidade, ajuda os pais com R$ 500 por mês durante 20 anos. Esse gesto, embora nobre, significa abrir mão de quase R$ 270 mil que poderiam ser investidos em seu próprio futuro — o equivalente a uma renda passiva de mais de R$ 1.600 por mês pelo resto da vida. Não se trata de peso ou fardo, mas de como a falta de planejamento anterior pode gerar limitações que atravessam gerações.

Agora, vamos ao outro lado da moeda. Um jovem de 25 anos que investe R$ 500 por mês durante 35 anos, com rentabilidade real de 0,6% ao mês, chega à aposentadoria com uma complementação de renda passiva de aproximados R$ 5.600 por mês. A diferença é brutal: enquanto a dependência limita, o planejamento abre oportunidades.

Esse contraste mostra o peso das escolhas. Quando alguém decide quebrar os grilhões financeiros, o efeito é transformador. As próximas gerações passam a ter liberdade para prosperar, planejar sua própria aposentadoria e até investir com tranquilidade para gerar mais renda. É como se a decisão de apenas um rompesse as amarras de todos que vêm depois.

Eu falo isso com muita gratidão aos meus pais, Marcos e Cristina. Eles viveram uma vida regrada, cheia de limites e restrições, mas criaram condições para que eu e meu irmão fossemos além. Plantaram, com esforço e sacrifício, as sementes da minha liberdade financeira. E eu espero fazer ainda mais pelo meu filho: não deixá-lo com o peso da minha aposentadoria, mas com a leveza de poder escrever a própria história.

Porque, no fim das contas, filho não é aposentadoria. Filho é altruísmo, é vida, é afeto, é continuidade. Não tenha filhos pensando que eles vão ser seu suporte na velhice. Tenha filhos porque você deseja e porque é algo desafiador e maravilhoso. E os tenha quando quiser assumir a responsabilidade de quebrar os grilhões familiares e de prover a eles uma vida melhor e mais próspera que a sua própria.

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