O trabalho nunca foi estático. O que muda agora é a velocidade com que as transformações se acumulam e o peso que elas exercem sobre a vida das pessoas. Automação, inteligência artificial, novas formas de contrato e a economia digital ampliaram o abismo entre quem consegue se adaptar e quem fica para trás.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de dois bilhões de pessoas no mundo ainda vivem em condições de emprego informal. No Brasil, o IBGE mostra que cerca de 40% de toda a força de trabalho segue fora da proteção de contratos formais. Esses números revelam que o futuro do trabalho não é só sobre tecnologia, é também sobre desigualdade, acesso e dignidade.
A inteligência artificial adiciona uma camada extra a esse cenário. O Fórum Econômico Mundial projeta que, até 2030, quase 44% das habilidades hoje consideradas essenciais se tornarão obsoletas. Isso significa que diplomas rígidos ou carreiras lineares já não garantem estabilidade.
Em contrapartida, competências humanas como comunicação, negociação e pensamento crítico passam a ser vistas como insumos estratégicos, e não apenas acessórios. Ao mesmo tempo, cresce a busca por autonomia. De acordo com a consultoria McKinsey, mais de 50% dos trabalhadores em países emergentes desejam múltiplas fontes de renda para reduzir vulnerabilidades. Esse movimento não é só de sobrevivência, é também de busca por liberdade de escolha em meio a sistemas cada vez mais instáveis.
O desafio, portanto, é triplo: governos precisam investir em educação contínua e proteção social; empresas devem assumir responsabilidade pela qualificação das suas equipes; e profissionais precisam aceitar que reaprender será parte permanente da jornada.
A convergência desses três elementos definirá se viveremos um futuro de precarização ou de formação coletiva mais sólida e inclusiva.