Enquanto o Banco Central se preocupa com a inflação elevada pelos gastos públicos, o governo distribui benesses para deputados e aliados em busca da aprovação do Orçamento de 2025.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou mais uma vez a Selic para 14,25% ao ano — o maior patamar desde o nefasto período econômico do governo Dilma.
Estamos enfrentando o pior cenário econômico dos últimos anos. A perspectiva de um novo aumento já foi sinalizada pelo Copom, com os juros futuros, antes projetados em 15%, podendo chegar a 17% ou 18%. Um cenário preocupante, que afeta diretamente a capacidade de investimento nos setores produtivos.
Hoje, um dia após o anúncio da Selic, o Congresso Nacional realiza sessão conjunta para votação do projeto da lei orçamentária anual de 2025. É inacreditável, mas o governo, para conseguir aprovar essa lei, volta a distribuir emendas parlamentares recheadas de favores — na clássica tentativa de “comprar” apoio de deputados e senadores.
E onde está o ministro Flávio Dino, o “Paladino da Transparência”? Será que sua lealdade ao governo o impedirá de se manifestar? De maneira obscura e esperta, as emendas parlamentares voltam ao jogo do toma-lá-dá-cá da política nacional.
Para atender às demandas nada republicanas dos parlamentares, o projeto acomoda novas despesas: R$ 3 bilhões para o auxílio-gás, R$ 8 bilhões em gastos previdenciários e R$ 7,7 bilhões cortados do Bolsa Família, mas que, curiosamente, serão parcialmente destinados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
São R$ 750 milhões para um movimento que sequer tem CNPJ, não tem personalidade jurídica e, ainda assim, recebe dinheiro do governo. É um escárnio com a população, pois todos sabemos como o MST opera: invade um pedaço de terra, inicia o trabalho de preparo da terra, desmata sem preocupação porque os órgãos oficiais não os incomodam. Depois, vendem a terra e partem para outras ocupações.
Se você desmatar ou cortar uma árvore no seu quintal, será imediatamente punido — mas o MST faz o que quer, sem consequências.
O centrão também foi bem contemplado: o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), comandado por um aliado de Davi Alcolumbre, presidente do Senado, receberá R$ 40 milhões. O Ministério dos Esportes, comandado por André Fufuca, do PP do Maranhão — envolvido em uma série de escândalos —, receberá R$ 300 milhões para obras de infraestrutura esportiva.
O governo também reforçará um programa que lança como vitrine, destinando mais de R$ 1,04 bilhão para ele. Enquanto isso, os números da macroeconomia são celebrados, mas a microeconomia — a que pesa na carteira da população, no açougue, na padaria e no supermercado — só piora.
Enquanto isso, deputados e senadores se locupletam com a farra do orçamento e com as emendas que continuarão recebendo — tudo isso com o silêncio cúmplice do “transparente” ministro Flávio Dino. Triste vida, triste sina de um país que não consegue se levar a sério.