No Visão Macro de hoje, vamos usar um pouco da teoria econômica da organização industrial e do comércio internacional para jogar luz nessa discussão que agora se tornou ainda mais preponderante, dado o anúncio que tivemos do Governo Federal para o plano de ajuda aos setores afetados pelo tarifaço de 50% do Trump. Isso é, aqueles setores que não conseguiram isentar os seus bens. Temos que olhar aqui sobre duas óticas.
A primeira, a possibilidade de distribuição de incentivos de produtores e consumidores, substituindo inclusive produtos e escolhas de produção que podem levar, na verdade, à piora dos termos de troca e dos termos de comércio. Isso é um problema que consideramos na microeconomia como causador de piora, inclusive de bem-estar. Isso é tão importante também quando olhamos para a informação assimétrica que advém dessa problemática, principalmente da questão de risco moral (moral hazard).
Isso é ex-ante. Quando sinalizamos que o governo será responsável por resgatar setores, não só via subsídios creditícios, mas, por exemplo, comprando parte da produção em troca de que esses setores não possam demitir, criamos incentivos anteriores que impedem a melhoria da eficiência, da competição, da inovação e, obviamente, da convergência específica de preços que teríamos antes.
Isso é um problema razoavelmente grande que podemos coletar, obviamente, porque não estamos lidando com o problema com resoluções de longo prazo — isso é abrir a economia, esse é o único caminho — mas sim com medidas paliativas de curto prazo, que podem, de alguma maneira, endividar ainda mais os setores que tentam ajudar.
Ademais, é importante colocar que essa é uma discussão relevante de decisão governamental junto com os empresários, é claro, mas a forma de instrumentalização do processo importa tanto quanto a própria decisão de ajuda em si.