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O tamanho do choque protecionista estimado não é pequeno (White House/Divulgação)

O tamanho do choque protecionista estimado não é pequeno (White House/Divulgação)

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No anúncio de 2 de abril, ironicamente chamado de Dia da Libertação, o governo americano apresentou o conceito de tarifas recíprocas, mas de forma equivocada. Em vez de considerar as barreiras tarifárias e não tarifárias de cada país, a medida foi vinculada ao déficit comercial bilateral dos Estados Unidos com seus parceiros. Ou seja, confundiu-se fluxo de comércio com política de acesso a mercados.

O tamanho do choque protecionista estimado não é pequeno. Tarifas mais altas significam preços mais elevados para os consumidores, aumento de custos para a indústria e, em última instância, pressão inflacionária. Esse movimento gera reflexos imediatos sobre a política monetária, já que juros mais altos passam a ser necessários para conter a inflação importada.

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O principal efeito negativo do protecionismo demora para aparecer: a queda da produtividade. Isso ocorre porque, em vez de direcionar recursos para os setores mais dinâmicos e eficientes, eles migram para setores artificialmente protegidos. Essa distorção reduz a capacidade da economia de gerar crescimento sustentado e, com o tempo, enfraquece a competitividade global.

A experiência brasileira ilustra bem esse ponto. Durante a substituição de importações, setores inteiros sobreviveram à sombra da proteção, mas ficaram incapazes de enfrentar a concorrência internacional. O resultado foi um mercado interno caro, ineficiente e que atrasou nosso desenvolvimento industrial.

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Será que é isso que os Estados Unidos querem fazer com sua economia? Em economia, não existe alquimia. O protecionismo pode até parecer uma resposta simples a problemas complexos, mas seus custos se acumulam rapidamente. Tarifas elevam preços, corroem competitividade e distorcem a alocação de recursos. No fim, os setores mais protegidos não são necessariamente os mais produtivos, e a economia, como um todo, perde dinamismo.

É como um vício: dá a sensação de alívio imediato, mas cobra um preço alto depois. Por isso, quanto mais cedo enfrentarmos a tentação, maiores serão as chances de manter o país competitivo e com bases sólidas para o crescimento.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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