A batata-doce está cada vez mais presente na alimentação dos mineiros — e também nas lavouras do estado. Entre 2024 e 2025, a produção da raiz em Minas Gerais deu um salto expressivo: passou de 42 mil para 64 mil toneladas, segundo dados da Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural).
A área plantada também aumentou, ultrapassando 2.700 hectares. O município de São João del-Rei lidera o ranking estadual, concentrando quase 30% da produção total.
O avanço é resultado direto do crescimento da demanda, da busca por alimentos mais saudáveis e do baixo custo de produção, segundo o coordenador técnico de olericultura da Emater, Georgeton Silveira.
“A batata-doce é uma fonte de carboidrato de baixa digestibilidade e baixo índice glicêmico. Isso mantém a saciedade por mais tempo e é rica em sais minerais e vitaminas. Por isso, ela se associou às atividades físicas e ao estilo de vida saudável”, explica.
Custo atrativo para o produtor
De acordo com Georgeton, o cultivo da batata-doce tem uma vantagem importante sobre outras hortaliças: o custo de produção por hectare. “Um hectare de tomate tem um custo de R$ 100 mil. Já o da batata-doce gira em torno de R$ 10 mil a R$ 15 mil. Então, alguns produtores viram nesse aumento da demanda uma oportunidade”, afirma.
Tecnologia e expansão de área
O crescimento na produção se dá tanto por melhorias tecnológicas quanto pelo aumento da área plantada.
“A irrigação é um fator importante. É uma planta rústica, mas, com irrigação, você aumenta a produtividade. Ainda assim, às vezes só a produtividade não é suficiente. Aí vem o aumento da área para atender o mercado”, pontua.
Por que São João del-Rei lidera?
Segundo o técnico, o protagonismo de São João del-Rei é recente e começou a partir de uma aposta de produtores não familiares.
“Eles observaram que a cidade tem características interessantes para o cultivo e também está próxima do mercado atacadista, principalmente o Ceasa. Isso somado ao custo baixo incentivou o plantio em cerca de 300 hectares.”
Minas ainda tem espaço para crescer?
Minas Gerais ocupa atualmente o 5º lugar na produção nacional, atrás de estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Ceará. Para Georgeton, há margem para crescimento, especialmente diante das novas tendências alimentares.
“Hoje vemos muitos produtos processados à base de batata-doce, além do consumo in natura. Você já encontra batata-doce cozida com casca em supermercados, algo que não víamos antes.”
Projeções para o futuro
Apesar do crescimento atual, ainda não é possível prever se a alta será mantida nos próximos anos. “É meio que uma caixinha de surpresas. As áreas têm um tamanho hoje, mas podem crescer. Isso vai depender muito do comportamento do mercado e da movimentação nos centros atacadistas”, avalia.