A Confederação Nacional da Indústria (CNI) promove, nesta semana, uma missão empresarial a Washington, nos Estados Unidos, para tratar dos impactos do tarifaço à cadeia industrial brasileira. Entre os representantes está o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, que conversou com a 98 News sobre os objetivos da viagem.
Segundo Roscoe, a estratégia principal é dialogar com empresários americanos. “Não estamos com tanto foco na área pública, porque é o privado lá que pode fazer pressão sobre o governo americano para que a gente consiga flexibilizar alguns produtos”, explicou.
O presidente da Fiemg ressaltou que apenas a pressão do empresariado brasileiro não tem surtido efeito. Roscoe destacou que os produtos com maior participação no consumo americano têm mais chance de mobilizar pressão.
“Aqueles segmentos em que o Brasil representa 30%, 40% das compras dos EUA são os mais propensos a sensibilizar o setor privado americano. Não é só volume, é representatividade”, afirmou.
‘Crise aguda’
A missão ocorre nesta quarta (3/9) e quinta-feira (4/9), em paralelo à audiência pública da investigação aberta contra o Brasil no âmbito da Seção 301, mecanismo de defesa comercial dos EUA.
“A comitiva também vai apresentar argumentos e elementos na defesa do processo do Brasil no 301. A CNI contratou escritório lá, que já vem trabalhando nisso e vamos discutir com os investigadores sobre o tema”, disse.
Roscoe comentou ainda sobre o diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante visita recente a Belo Horizonte. Nessa oportunidade, ele disse que a Fiemg bateu na tecla do antidumping que, para ele, é uma prática de comércio que o Brasil deve coibir.
“Pedimos que o governo tenha celeridade na análise dos processos. O presidente disse que encaminharia ao vice Alckmin. O MDIC falou que está reforçando a equipe, mas por enquanto o tempo de resposta não é adequado”, afirmou.
“O foco da missão é tratar da crise aguda que nós estamos agora e desenvolver estratégias em comum, tanto do lado privado brasileiro como do privado americano. Claro que ao fazer isso, as relações comerciais sempre são estreitadas”, concluiu.