Na Visão Macro de hoje, vamos discutir um pouco mais sobre os níveis equities da bolsa brasileira. Isso é, mas, na verdade, discutindo não somente em termos nominais, mas, é claro, em termos relativos. Ao longo do tempo, seja no Brasil ou seja em qualquer lugar do mundo, os ativos de renda variável refletem, de maneira muito mais constante, os eventos idiossincráticos microeconômicos de cada empresa. Isso é, principalmente, correlacionados com crescimento de lucro ao longo do tempo.
E as melhorias operacionais, né, e a gestão da boa alocação de capital pelo management, do que necessariamente somente fatores macroeconômicos.
Isso é, é óbvio que fatores como juros, inflação, crescimento econômico e emprego afetam bastante também a tomada de risco ao longo do tempo, mas são, na verdade, os fatores microeconômicos — a saúde das empresas, né, os processos decisórios e o retorno para o acionista, seja por meio de dividendos, recompra de ações, juros sobre capital próprio no caso brasileiro ou, obviamente, o simples crescimento do lucro e o reinvestimento desses recursos na própria operação para crescimento das empresas — que retornam os verdadeiros resultados, o tal do compounding.
Aqui também é interessante notarmos que o reflexo das máximas históricas, principalmente no contexto do Ibovespa, é bastante relativo. Estando na máxima histórica, isso é verdade, mas sem nenhum movimento de efeito riqueza.
Isso porque, nos últimos 5 anos, tivemos um aumento bastante pequeno dos resultados em renda variável, algo perto de 20%, enquanto, na verdade, o CDI ou os ativos reais indexados à inflação — os IPCA+, sejam do lado das NTN-Bs, seja no caso dos ativos isentos, principalmente — têm retornado resultados muito maiores e muito mais pujantes, com muito menos volatilidade. É importante, claro, falar de ativos reais. No caso de bolsa, as operações das empresas têm demonstrado uma saúde, boa alocação de capital mesmo a despeito de todos os cenários adversos macroeconômicos que temos tido no Brasil, principalmente pós-pandemia e, é óbvio, pós decisões específicas da alta de juros que tivemos por conta de decisões ruins da política econômica nesse governo atual.
Assim, no longo prazo, o que vigora, de fato, para retornos na renda variável é muito mais associado às boas empresas, às boas decisões que elas tomam do que necessariamente modelos cíclicos de crescimento econômico e altas e quedas de juros.
É óbvio que a perspectiva da queda de juros local a partir do próximo ano influenciará de maneira bastante relevante, assim como o rearranjo dos fluxos econômicos saídos dos Estados Unidos para países emergentes, como, de fato, tem acontecido muito fortemente desde o começo do ano. É óbvio que também pesam fatores de possibilidades de troca do comando do Executivo atual na próxima eleição.
Mas é, de fato, a boa operação, a qualidade da operação das empresas que, no Brasil — como já discutimos — são oligopolistas quase que naturais, não é isso? Eventos adversos macroeconômicos levam para a constituição natural de oligopólios: as empresas capturam market share, aquelas que sobrevivem. Isso é bastante verdade no Brasil. E isso lança luz, talvez, numa outra ótica, né, do stay invested. A pior decisão de investimento em renda variável é tentar acertar o melhor momento.
Na verdade, o melhor resultado, seja aqui ou lá fora, é simplesmente absorver a volatilidade e olhar para o longo prazo, e não pensar com o curto prazo, como tanto temos a decisão de fazer. Aqui, talvez, tenhamos tido uma melhora também no aspecto educacional nesse quesito. A volatilidade, talvez, passe a ter menos importância frente a eventos não só microeconômicos das próprias empresas, mas das reais possibilidades de mudança olhando para frente, no sentido macroeconômico.
Mas para que isso aconteça, é muito importante, tanto para o sentido de convergência de curto prazo para o longo prazo, que tenhamos, de fato, uma política econômica melhor, somada a esse resultado belíssimo que várias empresas têm entregado na frente operacional e de lucros.
											
															