A Cúpula de Líderes que marcou o início da COP30, realizada nesta quinta-feira (6/11) em Belém (PA), começou sob o peso de importantes ausências. Entre elas, a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para o cientista político e consultor da Skema Business School, Wilson Mendonça, a ausência e a representação discreta de outras potências, como China e Índia, evidenciam o esvaziamento político da conferência.
Segundo Mendonça, o cenário global é de forte divisão em torno das pautas ambientais, o que se reflete diretamente na COP30. “O esvaziamento dessa cúpula, sobretudo pela ausência dos principais chefes de Estado, não tira a relevância do evento, mas demonstra a dificuldade atual de construir consensos”, afirmou o cientista político.
Apesar disso, Mendonça avalia que o quadro pode abrir espaço para uma atuação mais expressiva de blocos como a União Europeia, que tende a pressionar por acordos ambientais mais ambiciosos. Para ele, as discussões sobre fundos de manutenção de florestas e políticas de sustentabilidade serão determinantes para medir o sucesso ou o fracasso da conferência.
O consultor também destacou que a ausência dos Estados Unidos, cuja política energética é fortemente apoiada por setores ligados aos combustíveis fósseis, acaba fortalecendo a posição do Brasil no debate ambiental. No entanto, alertou para possíveis impactos na relação bilateral entre os dois países.
“Será interessante observar como o Brasil vai se posicionar diante desse vácuo, sem comprometer sua agenda diplomática com Washington”, analisou Mendonça. Para ele, a COP30 representa um momento decisivo para testar a capacidade do país de liderar o diálogo climático em meio a um contexto internacional fragmentado.
