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Reforma do PAT expõe divisão no governo e temor de retrocesso social

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Programa foi criado em 1976 para garantir alimentação adequada aos trabalhadores e fortalecer a política nutricional do país (Antonio Cruz/ Agência Brasil)

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Às vésperas da assinatura do decreto que reformula o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), o governo Lula enfrenta resistência de sindicatos e desconfiança dentro da própria base.

O programa, criado em 1976 para garantir alimentação adequada aos trabalhadores e fortalecer a política nutricional do país, tornou-se o centro de uma disputa que mistura interesses empresariais, pressões políticas e o risco de uma guinada liberal em uma das políticas sociais mais tradicionais do Brasil.

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Segundo informações obtidas por representantes sindicais e fontes políticas, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) teria intensificado nas últimas semanas conversas reservadas com o Ministério do Trabalho.

O objetivo seria influenciar a redação final do decreto e abrir caminho para uma flexibilização mais ampla das regras do PAT, em linha com antigas reivindicações do setor privado.

Documentos e relatos sugerem aproximação entre dirigentes da ABRAS, assessores ministeriais e grupos econômicos próximos à direita liberal, que há anos defendem a financeirização completa do programa — hoje responsável por movimentar mais de R$ 250 bilhões anuais.

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“Não posso acreditar que Lula esteja consciente de todos os impactos. Esse decreto seria um retrocesso sem precedentes nos direitos sociais”, disse um servidor do Ministério do Trabalho, sob anonimato.

A reação das centrais sindicais foi imediata. Entidades sindicais indicaram que não comparecerão à cerimônia de assinatura no Palácio do Planalto caso o texto atual seja mantido.

“Querem que a gente legitime um retrocesso histórico. O que está em jogo não é um ajuste técnico, é o desmonte de um direito”, afirmou um dirigente de São Paulo.

Nos bastidores, a percepção é de que a reforma do PAT extrapola o debate técnico e simboliza uma inflexão política mais profunda — a substituição do papel protetivo do Estado por uma lógica de mercado, com menos regulação e mais espaço para fintechs e operadoras privadas.

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A proposta em discussão prevê maior flexibilidade no uso dos créditos, ampliação das redes credenciadas e novos mecanismos de reembolso e gestão, medidas vistas por analistas como um incentivo à financeirização do sistema.

Os críticos alertam que a mudança pode fragilizar o vínculo entre o benefício e sua finalidade original: garantir alimentação saudável e acessível para os trabalhadores de baixa renda.

Para especialistas, a reforma coloca em xeque a coerência do terceiro mandato de Lula, eleito com a promessa de reconstruir políticas sociais desmanteladas durante o governo Bolsonaro.

“Seria paradoxal ver o Bolsonarismo triunfar pela caneta de Lula”, resume um interlocutor próximo às negociações.

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Mais do que uma discussão sobre números, índices ou emendas, o que pode estar em jogo é a essência do pacto social brasileiro. Em um país onde 33 milhões de pessoas ainda vivem em situação de insegurança alimentar, transformar o PAT em instrumento de desregulamentação equivaleria a colocar em xeque a promessa mais fundamental: a de garantir dignidade ao trabalhador.

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