Em entrevista na 98 News, nesta quarta-feira (4/6), o economista Paulo Henrique Duarte, diretor e sócio da Valor Investimentos, analisou o cenário de investimentos em Minas Gerais, considerando o comportamento de ações da Cemig, Copasa e Vale. Ele explicou o que está por trás da valorização das empresas e detalha por que a renda fixa seguirá forte nos próximos meses.
“Cemig e Copasa são um caso interessante de comentar”, pontua Duarte. Para ele, o mercado reagiu a uma expectativa de privatização semelhante ao que foi feito com a Eletrobras. “Eles fizeram um aumento de capital e com isso diluíram a participação do Estado… vendeu uma parte das ações por um patamar muito mais elevado.”
O economista vê semelhanças com o que o governo mineiro pode estar articulando. “Você tem no governador Zema uma voz ativa de que ele entende que é a privatização ou algum movimento em relação a trazer essas empresas mais para o mercado.”
A valorização das ações ordinárias da Cemig reforça essa percepção, segundo Paulo. “Ela subiu bem mais até do que a preferencial nas últimas semanas… porque normalmente quando você vai fazer algum movimento de bloco de controle, é essa ação que dá direito a voto.”
O setor de energia e saneamento está em alta. “São empresas que têm uma previsibilidade muito grande em relação ao fluxo de caixa, a investimentos e normalmente pagam dividendos generosos.”
Duarte classifica como “setores que o mercado entende como defensivos para momentos de maior instabilidade”. Cemig e Copasa, nesse contexto, ganham força.
A mineradora Vale, por sua vez, está mais vulnerável à economia global. “Ela ainda é muito influenciada pelo preço das commodities internacionais.” E o desempenho do minério de ferro depende da China. “A demanda ainda é predominante puxada pela China. E a China teve um desaquecimento grande no ano passado.”
Mesmo com incentivos do governo chinês, o minério ainda não se recuperou. “Enquanto a gente não vê o minério dar uma recuperação mais elevada, acho que Vale ainda pode sofrer um pouquinho.”
Por outro lado, há oportunidades. “Às vezes está na hora de comprar. Quando Vale bate nesse patamar próximo de R$ 30, pode comprar que vai dar para ganhar um dinheirinho no médio e longo prazo.”
Com a Selic alta, a renda fixa continua no radar. “Existe um questionamento se vai ter mais uma leve alta de 0,25… mas fato é que a gente deve conviver com essa taxa de juros no patamar de 14,75%, 15% por algum tempo.”
O juro real brasileiro — diferença entre a Selic e a inflação — é dos maiores do mundo. “Tem um diferencial aí de 10%. É dos maiores, senão o maior juro real do mundo.” Segundo ele, isso segura o apetite por risco. “Fica até difícil de indicar fortemente ativos de risco. A gente tem aí uma previsibilidade muito grande de retorno alto na renda fixa”, pondera.