As contratações informais em setores como construção civil, comércio e serviços podem aumentar no Brasil com o fim da escala de trabalho 6×1, de acordo com levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estados de Minas Gerais (Fiemg).
Segundo o estudo, caso as propostas para a redução da jornada de trabalho no país sejam aprovadas no Congresso Nacional, a mudança pode impactar os custos operacionais das pequenas e médias empresas, além de fomentar o trabalho precarizado.
Para o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, negócios com margens reduzidas de receita podem não conseguir absorver os custos da redução da jornada de trabalho. O cenário da análise aponta que, devido ao aumento dos custos trabalhistas, as empresas podem preferir contratações informais para ter maior flexibilidade sem onerar a folha de pagamento.
“Em setores onde a produtividade está diretamente ligada à presença física dos trabalhadores, como construção civil, comércio e serviços, a redução da jornada pode impactar a manutenção do quadro formal de funcionários, dificultando contratações formais para cobrir as lacunas deixadas”, afirma.
Os dados do levantamento mostram ainda que profissionais com direitos assegurados podem ser forçados a aceitar condições de trabalho sem amparo legal, por meio de funções precarizadas. A situação agravaria a informalidade no Brasil, que conta atualmente com 38,3% dos trabalhadores nesta posição.
Nadim Donato, presidente da Fecomércio, falou dos desafios e prejuízos para as pequenas em médias empresas.
“Então, vamos trabalhar de segunda a sexta, quem vai trabalhar sábado e domingo no supermercado? Vai ter que contratar mais. Você reduziu o horário, e tem outra coisa; os que entraram também vão trabalhar em escala reduzida. As pequenas empresas, em média, elas têm entre 3 e 5 funcionários. Se você reduz a escala desses cinco funcionários, você vai ter que contratar mais dois para trabalhar no sábado. Não estou nem falando do domingo. E aí?”, questionou Donato.