Mário Adler, criador do Dia das Crianças no Brasil, faleceu nesta sexta-feira (30/5), em São Paulo, aos 86 anos. A causa da morte do ex-presidente da marca de brinquedos Estrela não foi revelada. Adler, então, era reconhecido por liderar uma das maiores empresas da indústria de produtos infantis e por implementar uma das datas mais importantes para o comércio no país. O velório e o sepultamento foram realizado na manhã deste sábado (31/5) no Cemitério Israelita do Butantã.
A Estrela foi fundada pelos pais dele, os imigrantes alemães Sigfried e Lizelote Adler. Com a ascensão do nazismo, migraram para Brasil em 1937, sem qualquer dinheiro. Sigfried começou a vender tampinhas de garrafas, o “que achava muito chato”, conforme contou Mario à Confederação Israelita do Brasil (Conib)
Um amigo disse que havia uma fábrica de bonecas de pano falida, em que ele poderia ajudar. Era a Estrella, com dois LL pela grafia antiga. Tinha quatro máquinas de costura e funcionava num sobrado, em cima de uma escolat de samba. A partir daí, a família criou o que se tornaria a maior indústria de brinquedos do País.
Foi sob as mãos de Mario, entretanto, que a Estrela se tornou um ícone, com os produtos mais desejados pelas crianças durante décadas. Líder empresarial, ele também tinha presença frequente na interlocução com o governo, nas décadas de 1980 e 1990, defendendo as pautas da indústria. Com a abertura do mercado brasileiro a produtos importados durante o governo Collor, a Estrela passou a ter dificuldades, até ser vendida ao empresário Carlos Tilkian.
Mario Adler e o Dia das Crianças
Criador do Dia das Crianças, Adler disse, em entrevista ao Estadão em 2010, que o sucesso da data foi inesperado. “Acreditávamos que seria uma ação de marketing interessante para incrementar o negócio, mas não tínhamos a menor noção da importância que iria adquirir com o tempo”, afirmou. No ano passado, o varejo vendeu R$ 9,35 bilhões na data, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).
De acordo com Adler, a ideia inicial com o Dia das Crianças era reduzir a dependência da indústria em relação ao Natal. Ele cogitou, inclusive, comemorar o Dia da Criança no primeiro semestre, alterando a sazonalidade do setor, extremamente dependente da segunda metade do ano. Isso não foi adiante, pois já existia uma lei, do tempo do presidente Arthur Bernardes, oficializando o 12 de outubro como o dia dos pequenos (que nunca pegou, diga-se).
A iniciativa começou, portanto, a ser gestada na metade dos anos 1960 pela Estrela, à época a maior fabricante de brinquedos nacional. Antes dela, a Johnson & Johnson tivera ideia semelhante, propondo a criação do dia do bebê robusto, para estimular as vendas de suas fraldas descartáveis. “Mas acabou não decolando e eles desistiram”, afirmou Adler, que resolveu encampar a proposta. Não foi fácil, segundo ele, na entrevista em 2010.