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Donald Trump
Presidente dos EUA, Donald Trump (Agência Brasil/Arquivo)

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Com a iminência da entrada em vigor das tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos, diferentes entes do sistema brasileiro de fomento vêm se mobilizando para apoiar setores exportadores que podem ser diretamente impactados pela medida.

O governo do Rio Grande do Sul, por exemplo, anunciou uma linha emergencial de R$ 100 milhões em crédito para empresas exportadoras locais. Já o BNDES informou que vai ampliar o apoio às companhias afetadas, inclusive com condições facilitadas de financiamento. Essa reação rápida é importante e revela uma intencionalidade positiva: proteger cadeias produtivas, preservar empregos e sustentar a capacidade exportadora em um momento de incerteza.

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No entanto, há um risco claro de equívoco técnico e ineficiência econômica. Por quê? No sistema de crédito, o maior obstáculo ao financiamento das empresas não costuma ser o custo dos juros, mas sim a falta de garantias e a alta percepção de risco de inadimplência. Em momentos de choque — como foi o caso da pandemia ou agora, com uma guerra tarifária — oferecer juros baixos não resolve o problema se os bancos não estiverem dispostos a emprestar, com medo dos calotes.

É o que os economistas chamam de empoçamento da liquidez: o dinheiro existe, está disponível, mas não chega a quem precisa porque o risco é alto demais. Nesse contexto, seria mais eficiente o governo usar seu poder para oferecer garantias parciais ou fundos garantidores, como foi feito no Pronampe, que funcionou bem ao longo da pandemia e manteve vivas milhares de micro e pequenas empresas no país.

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Além disso, é importante lembrar que, ao subsidiar crédito para setores específicos, o governo corre o risco de criar distorções na alocação de recursos, além de transferir o custo do ajuste para toda a sociedade, via dívida pública ou renúncia fiscal. Em vez disso, deveria-se priorizar a negociação ativa para conter os efeitos das tarifas, ampliar ou facilitar o acesso ao crédito com garantias sólidas e permitir que os agentes econômicos ajustem sua rota com base em incentivos eficientes — não em socorros artificiais.

Em economia, não existe alquimia. Criar linhas de crédito subsidiado sem atacar o verdadeiro gargalo — que são as garantias e o risco de crédito — é como tentar tapar o sol com a peneira. O resultado pode ser apenas mais dívida, mais distorção e pouco efeito prático na preservação da atividade econômica. O Brasil já aprendeu isso em outras crises — e não precisa repetir os mesmos erros.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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