A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros gera apreensão no setor de transporte de cargas em Minas Gerais. A Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) estima que o impacto no PIB do estado pode chegar a R$ 15,8 bilhões. Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Minas Gerais, Antônio Luiz da Silva Júnior, “o efeito será em cascata. Quando se deixa de produzir, deixa de haver transporte de insumos e produtos, e uma coisa leva à outra”.
Segundo ele, os impactos mais imediatos devem atingir o agronegócio, especialmente as exportações de café, soja, milho e derivados. Já setores como minério e gusa estariam, por enquanto, fora. No entanto, Antônio alerta para consequências indiretas: “Você deixa de ter produção, movimentação de mercadorias e, consequentemente, menos empregos”. A diversificação de mercados é vista como alternativa, mas de execução complexa.
A previsão do sindicato é que os ajustes levem de três a seis meses, até que produtores e transportadores encontrem novos destinos para seus produtos. “O mercado vai procurar outros países, mas o transporte depende diretamente da produção. Encontrar alternativas não é simples, pois envolve toda a cadeia logística”, ressalta.
Medidas anunciadas por governos estadual e federal, como concessão de crédito com juros subsidiados e compra de insumos para manter a economia, podem ajudar a mitigar os efeitos, mas dependem de agilidade. “O crédito já estava difícil antes da tarifa. Juros altos impedem investimentos de longo prazo. Tudo vai depender da rapidez na execução dessas medidas”, afirma Antônio.
O dirigente defende que o momento exige diálogo diplomático e menos ideologia. “Precisamos negociar pelo bem do país. Se não for possível com os EUA, há outros mercados carentes de alimentos e minério”, pontua. Ele também destaca a importância de investimentos em infraestrutura: “Melhorou um pouco, mas ainda temos muitas estradas ruins, especialmente no interior. A duplicação da BR-381 é urgente para reduzir custos e impulsionar o desenvolvimento de Minas”.