O áudio virou ferramenta profissional: é rápido e prático, mas também pode ser um tiro no pé. É o novo “Vou te tomar só um minutinho”, que nunca é só um minutinho. Tem também o festival dos áudios de 10, 15 segundos enviados em sequência, um “Bom dia”, seguido de “Tô te mandando aquele arquivo”, e logo depois, “Me avisa se recebeu, tá?”
Tudo isso poderia ser resolvido em uma frase, mas não. A mania revela falta de organização do pensamento, pouca consideração com o tempo do outro e até um medo velado da comunicação escrita, afinal, é mais fácil falar do que escrever. Esse hábito sinaliza imaturidade comunicacional e compromete a sua imagem. Erika Dauan, autora do livro Digital Body Language, afirma que escolher o canal certo é parte da competência comunicacional.
Quando você manda um áudio longo, cheio de “então…”, “pera…”, “deixa eu lembrar…”, transfere o custo do raciocínio para quem te ouve. E esse custo é alto: o áudio exige atenção em tempo real e, muitas vezes, mais atrapalha do que ajuda, especialmente em tarefas que demandam agilidade, registro e precisão. Tudo depende da forma, do momento e da sua relação com o receptor.
O áudio no trabalho funciona bem quando há intimidade profissional com o interlocutor, o assunto é urgente e objetivo, e você é conciso. Antes de gravar, pense: é realmente urgente ou estou apenas com preguiça de escrever? Precisa de tom emocional? Lembre-se: a voz comunica mais que o conteúdo. Se o seu tom for vago, hesitante ou informal demais, pode transmitir algo diferente do que você pretende. E, se for gravar, avise antes.
Um áudio de 45 segundos com três pontos principais pode funcionar. E, se possível, envie antes uma mensagem escrita perguntando: “Posso te mandar um áudio rápido?” Do outro lado pode haver alguém em reunião, no transporte público ou simplesmente com pressa. Outro ponto: áudio não substitui e-mail nem documento. Se estiver alinhando metas ou fazendo um pedido importante, escreva. Comunicação profissional não é desabafo de WhatsApp. Use o áudio, mas com critério.