Você já teve a sensação de que o dia de trabalho nunca termina? Que, depois do expediente, ainda tem e-mail, reunião de última hora, mensagem no grupo da equipe e mais um relatório que não pode esperar? Pois é, você não está sozinha. Nem sozinho.
A chamada jornada infinita já é uma realidade silenciosa, especialmente para quem trabalha de casa. O que começou como uma promessa de liberdade e flexibilidade virou, para muitos, um ciclo sem fim de presença digital e cansaço crônico.
Segundo o Work Trend Index, da Microsoft, o número de reuniões depois das 18 horas aumentou 30% desde o início da pandemia. E os e-mails enviados entre o fim da tarde e a madrugada cresceram 50%.
O home office não encurtou o trabalho — ele esticou o dia. E, com ele, os níveis de ansiedade e esgotamento. A falsa ideia de que estar disponível o tempo todo é sinônimo de comprometimento levou muitos profissionais a viverem em estado de alerta constante. A linha entre estar no trabalho e estar em casa simplesmente desapareceu.
O problema é que produtividade sem descanso não se sustenta. Criatividade sem pausa não floresce. E o impacto não é individual — equipes inteiras estão perdendo foco, propósito, capacidade de decisão.
Mas há uma virada possível — e ela já começou. Ferramentas de inteligência artificial estão sendo adotadas não só para acelerar tarefas, mas para restaurar o tempo de qualidade: automatizar resumos de reuniões, organizar prioridades, tirar da frente o que consome energia e não exige estratégia.
Mas tecnologia sozinha também não resolve.
É preciso cultura. É preciso liderança. É preciso coragem para entender que dizer “chega por hoje” não é fraqueza — é maturidade. Porque o trabalho do futuro não é sobre estar sempre presente. É sobre saber quando estar — e confiar que o impacto vem menos da conexão constante e mais da intenção com que se trabalha quando se está, de fato, presente.