Setembro chegou e com ele as flores da primavera: ipês roxos, brancos, amarelos. Chegou também a campanha do Setembro Amarelo, um mês para falarmos sobre a prevenção ao suicídio. O Setembro Amarelo é mais do que uma campanha, é um compromisso diário com a vida. Você sabia que, de acordo com a OMS, uma pessoa se suicida no mundo a cada 40 segundos? Isso significa que, enquanto você me ouve, alguém pode estar tirando a própria vida.
O suicídio é hoje a quarta maior causa de morte no mundo. Se você precisar, peça ajuda. Mas pedir ajuda exige algo que ainda falta na nossa cultura: a permissão para ser vulnerável. Vivemos em uma sociedade que celebra a produtividade a qualquer custo, mesmo quando estamos nos nossos piores momentos. Se entregarmos o resultado, é isso que importa.
Em 2022, o diretor de Controles Internos e Integridade da Caixa Econômica Federal foi encontrado morto na sede do banco após o vazamento das denúncias de assédio contra o então presidente da instituição. A polícia tratou o caso como suicídio. Como ele poderia ter evitado isso? Com quem poderia ter conversado? Com quem poderia ter aberto o coração? Permitir-se ser vulnerável e dar espaço para que o outro também seja continua sendo um grande desafio no mundo real e nas empresas.
O problema é que, quando não damos voz às nossas dores, sofremos em silêncio. E a dor que não sangra dói em dobro muitas vezes. Quando essas dores não são tratadas, podem levar a finais tristes, incluindo atitudes drásticas como tirar a própria vida.
O suicídio não é um ato isolado. É sintoma de dores que poderiam ser prevenidas com escuta, empatia, tratamento adequado e menos julgamento. A boa notícia é que o suicídio pode ser prevenido. Pedir ajuda não é fraqueza, é coragem. E há caminhos para isso: o Centro de Valorização da Vida (CVV) atende 24 horas, 7 dias por semana, pelo telefone 188.
E a sua empresa? O que tem feito para cuidar de colaboradores que enfrentam pensamentos suicidas? Qual escuta tem sido oferecida aos funcionários? O verdadeiro alvo da vida não é superar os outros, mas superar a si mesmo todos os dias.
Lembre-se: falar é coragem, ouvir é cuidado, e cuidar da vida é responsabilidade de todos nós — em setembro e em todos os meses do ano.