Siga no

trump remédio
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Isac Nóbrega/PR)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Isac Nóbrega/PR)

Compartilhar matéria

Com o tarifaço americano de 50% já em vigor desde o início de agosto, diferentes setores econômicos do país se mobilizam para sobreviver ao choque. O Governo Federal prepara um plano de contingência com medidas de apoio emergencial: linhas de crédito subsidiadas pelo BNDES, com fundo garantidor; prorrogação de dívidas; aquisições de estoques encalhados; e até apoio à folha de pagamento.

O objetivo é manter a atividade econômica e preservar empregos na base exportadora. Entidades representativas dos setores exportadores, como Abicalçados, Abimóvel e Abipesca, já reivindicam ações emergenciais, enquanto o governo articula com estados um esforço conjunto. Governadores de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, por exemplo, anunciaram suas próprias linhas de crédito subsidiado e recursos locais para socorrer empresas afetadas.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Há ainda estados dispostos a acionar mecanismos extraordinários, como fundos público-privados, para minimizar prejuízos no curto prazo. No entanto, é preciso fazer uma reflexão crítica: socorrer setores em crise é justificável, mas não pode substituir estratégia. Programas emergenciais precisam ser temporários, bem focalizados e acompanhados de uma política comercial e industrial de longo prazo.

Além disso, a eficácia dessas medidas depende não apenas de juros favoráveis, mas também de mitigar o risco de crédito real enfrentado pelas empresas, com garantias estruturadas, seguros de exportação e mecanismos de proteção. Outro ponto que merece atenção é o risco de socialização dos custos. Quando o governo injeta recursos públicos para salvar setores específicos, está, na prática, transferindo ônus para toda a sociedade.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Isso pode ocorrer na forma de aumento da dívida pública, maior carga tributária no futuro ou cortes em áreas essenciais como saúde e educação. É um efeito invisível no curto prazo, mas que compromete a sustentabilidade fiscal e, indiretamente, o crescimento econômico.

Além disso, a utilização recorrente de recursos públicos cria um risco moral: empresas podem se sentir incentivadas a assumir mais riscos excessivos ou manter modelos de negócios pouco competitivos, confiando que, em caso de crise, o Estado intervirá para salvá-las. Esse comportamento reduz a pressão por inovação, eficiência e adaptação às novas realidades do mercado global.

No longo prazo, isso perpetua a dependência de subsídios e enfraquece a base produtiva do país. Em economia, não existe alquimia. Reação emergencial não é planejamento. Socorro sem estrutura estratégica é soprar na fogueira antes do frio — dá alívio momentâneo, mas sem sustentabilidade. O país precisa de resposta rápida, sim, mas também de uma visão clara e compromisso futuro.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Compartilhar matéria

Siga no

Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Colunistas

Tarifa de 50% dos EUA pode reduzir PIB de Minas em R$ 15,8 bilhões e afetar transporte de cargas

Azul anuncia 900 voos extras e 133 mil assentos adicionais em Minas para a alta temporada

Hospital da Baleia é escolhido para campanha ‘Alerta Lilás’ em Minas

Dia do Estudante: desafios e avanços na busca por qualidade na educação pública

Guia Salarial: tendências no mercado de trabalho

Brasil é ‘massa de manobra’ em disputa comercial entre EUA e China, analisa economista

Últimas notícias

Conmebol anuncia estádio da final da Copa Libertadores de 2025

Já tem dono: ‘morango do amor’ é marca registrada e uso indevido pode gerar processo

O 98FC vai te dar uma moto 0km! Veja como participar

Advogados de Bolsonaro têm até quarta para entregar defesa ao STF

Gabriel Menino classifica conquista da Sul-Americana como foco do Atlético na temporada

Atlético x Godoy Cruz: Galo nunca se classificou na Sul-Americana enfrentando um time argentino

Haddad diz que Itamaraty está elencando medidas sobre Lei da Reciprocidade

MP investiga Bolsonaro por associar Lula a regime de Assad, na Síria

Família reencontra homem desaparecido após 30 anos no Triângulo Mineiro