Imagine-se na seguinte situação: você está no trabalho, conversando com colegas, quando um deles solta uma dessas frases: “Faz como quiser, você que sabe” ou “Não falei nada, mas achei curioso que você não participou da reunião”. Você já passou por isso?
Essas frases parecem neutras, mas são ácidas — como aquele e-mail que chega às 18h de uma sexta-feira. Vêm com um sorriso de canto de boca, mas carregam desconfiança e julgamento velado. O nome disso é comunicação passivo-agressiva.
Organizações que estimulam esse tipo de troca criam ambientes em que ninguém quer errar, colaborar ou se expor. E quando as pessoas não se sentem seguras para dizer o que pensam, a qualidade do trabalho despenca.
Na psicologia organizacional, esse padrão é bem mapeado: trata-se de um modelo de comunicação ambíguo, no qual a agressividade se esconde sob a aparência de educação. No livro Conversas Cruciais, Joseph Grenny, Kerry Patterson e outros autores defendem que a segurança psicológica é pré-requisito para alto desempenho. Essa segurança se desgasta quando todo retorno vem com subtexto e ressentimento mascarado — em outras palavras, um ambiente de indiretas.
Evitar esse padrão não exige manual de etiqueta, mas um ajuste de postura. Quer virar o jogo? Troque a ironia e o sarcasmo por perguntas honestas. Se algo incomodou, diga com respeito — mas diga. Dá trabalho no início, porque ser franco exige coragem, mas o retorno compensa: mais confiança, mais colaboração, mais entrega.
Em resumo, o problema da comunicação passivo-agressiva não é só de educação, é de gestão. Quando falta clareza nas trocas, sobra desgaste nas entregas. E o pior: quem age assim muitas vezes ainda acha que está sendo profissional.