Cotas para o MST: o fim da neutralidade no ensino superior

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Campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco (Foto: Divulgação UFPE)

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A decisão da Universidade Federal de Pernambuco de reservar vagas de Medicina para assentados, quilombolas e vinculados ao MST reacendeu um debate fundamental: qual deve ser o papel do Estado na educação superior?

Do ponto de vista liberal, a resposta é clara: o Estado deve garantir igualdade de condições, não privilégios seletivos. A medida, ao vincular o acesso a critérios de grupo, fere a neutralidade que deveria orientar a política pública. A Constituição prevê isonomia e acesso universal às universidades públicas. Criar um processo paralelo, com reservas para movimentos específicos, rompe esse princípio.

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Ayn Rand, em defesa da individualidade, afirmou que cada pessoa deve ser reconhecida pelo que realiza, não por sua filiação. A lógica adotada no edital da UFPE vai na direção contrária. Em vez de premiar dedicação e mérito, transfere o critério de seleção para a vinculação política. O risco é claro: transformar a universidade em instrumento de legitimação de movimentos e partidos.

A experiência das cotas já mostrou efeitos mistos. Em alguns casos, ampliaram o acesso temporário de grupos vulneráveis. Em outros, não produziram os resultados prometidos em termos de desempenho ou mobilidade social. A criação de vagas exclusivas para movimentos sociais acentua o problema, pois não corrige desigualdades estruturais e ainda reforça divisões. O verdadeiro desafio está no ensino básico, cuja baixa qualidade impede que jovens de diferentes origens concorram em condições semelhantes.

Formar médicos exige critérios técnicos e rigorosos. Ao substituí-los por exigências ideológicas, o Estado compromete a confiança no processo seletivo e fragiliza a percepção de justiça. Não se trata de negar a busca por inclusão, mas de reconhecer que ela não pode se dar à custa do mérito individual.

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O liberalismo não rejeita políticas públicas. Ele defende que elas sejam universais, transparentes e voltadas a fortalecer a autonomia de cada cidadão. Reservar vagas de Medicina para grupos escolhidos pelo Estado não promove igualdade; apenas cria privilégios. Se o objetivo é ampliar oportunidades, o caminho está em investir na base, garantindo que todos tenham condições reais de competir.

Em última instância, políticas como essa corroem o princípio da igualdade perante a lei. E quando a lei deixa de tratar todos de forma imparcial, deixa de ser instrumento de justiça para se tornar ferramenta de poder.

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Antônio Claret Jr.

Advogado e colunista do programa 98 Talks

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