E a novela dos Correios continua. Agora, o novo capítulo envolve a Caixa Econômica Federal, que estuda um empréstimo-ponte para socorrer a estatal enquanto se tenta atrair bancos privados para uma etapa futura. Na prática, é mais um resgate público a uma empresa que não conseguiu se ajustar à realidade econômica, aos custos crescentes e à perda de relevância no mercado.
O caso dos Correios é emblemático. Uma empresa que já foi símbolo de eficiência e presença nacional hoje enfrenta déficits sucessivos, despesas insustentáveis e desconfiança do mercado. É a fotografia de um modelo estatal que resiste à mudança e que depende cada vez mais do socorro de quem já está endividado: o próprio setor público.
Pior: o empréstimo-ponte não resolve o problema — ele apenas adia a dor. Enquanto isso, a estatal continua sem uma estratégia clara de modernização, sem avanços tecnológicos relevantes e com uma estrutura pesada que impede a competitividade. É o retrato de uma empresa que gasta mais do que arrecada e que acredita que sempre haverá alguém para pagar a conta.
O paralelo com o país é inevitável. O Correios de hoje pode ser o Brasil de amanhã: déficits que se acumulam, gastos que crescem mais rápido que a arrecadação e um governo que insiste em expandir despesas sem melhorar a eficiência do gasto.
A conta, cedo ou tarde, chega. E não há banco público que resolva a insolvência de um modelo insustentável. Em economia, não existe alquimia. Nenhum empréstimo, por mais criativo que seja, substitui a necessidade de gestão, austeridade e foco em resultados.
Adiar o ajuste é como empurrar o problema com a barriga — o buraco só fica maior e o custo, mais caro. O Brasil precisa aprender com seus próprios exemplos. O socorro aos Correios pode até evitar o colapso imediato, mas não evitará o colapso futuro se nada mudar.
A verdadeira recuperação exige coragem para reformar e vontade política para enfrentar privilégios e ineficiências.