O presidente Lula afirmou, nesta sexta-feira (7/11), durante a Cúpula do Clima em Belém, que o investimento global em armamentos supera em muito os recursos destinados à ação climática e ameaça levar o planeta a um “colapso ambiental”. Ele afirmou também que os conflitos, como a guerra na Ucrânia, interromperam os avanços na redução das emissões de gases do efeito estufa e reacenderam o uso de combustíveis fósseis.
O encontro, que antecede a COP30, reune líderes mundiais e tem como foco os desafios da transição energética. Lula destacou que o aumento dos gastos militares é um obstáculo para o desenvolvimento sustentável e que não há segurança energética possível em um cenário de guerra. O evento contou com a presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, e de autoridades europeias como Ursula von der Leyen e Pedro Sánchez.
Em sua fala, o presidente defendeu que a transição para uma economia verde precisa ser justa e inclusiva, principalmente para os países pobres e em desenvolvimento. Ele citou que bilhões de pessoas ainda vivem sem acesso a energia adequada e que essa desigualdade compromete o progresso social e econômico. Segundo Lula, combater a “pobreza energética” é essencial para garantir dignidade e oportunidades.
Fundo sobre lucros do petróleo
O presidente também criticou o sistema financeiro global por continuar financiando o setor de petróleo e gás, citando que os 65 maiores bancos do mundo destinaram cerca de US$ 869 bilhões ao setor no último ano. Mesmo após o Acordo de Paris, os combustíveis fósseis ainda representam 80% da matriz energética mundial, o que evidencia a lentidão da transição.
Como resposta, Lula anunciou a criação de um fundo nacional que vai direcionar parte dos lucros da exploração de petróleo para investimentos em energia renovável. O objetivo é promover justiça climática e apoiar o afastamento progressivo dos combustíveis fósseis. Ele defendeu também que países do Sul Global tenham acesso a tecnologia e financiamento para avançar nessa agenda.
O presidente encerrou o discurso cobrando que as metas firmadas na COP28 sejam cumpridas, como o compromisso de triplicar o uso de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030. Para ele, o combate à pobreza energética deve ser prioridade nos planos climáticos nacionais. Lula concluiu dizendo que os líderes mundiais precisam decidir se o século 21 será lembrado como o da catástrofe climática ou o da reconstrução inteligente.
