A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) mantém, no Campo Experimental Santa Rita, em Prudente de Morais, o Laboratório de Parasitologia Veterinária. O local oferece a produtores de todo o estado um serviço gratuito para avaliação da eficácia de produtos carrapaticidas em bovinos e equinos.
Segundo o pesquisador da Epamig e responsável pelo laboratório, Daniel Sobreira, o foco do trabalho tem sido o carrapato do boi, mas o objetivo agora é ampliar o atendimento aos criadores de cavalos. “Trabalhamos bastante com o carrapato do boi e queremos estimular os técnicos e produtores a enviarem amostras de carrapatos dos cavalos, também”, afirma.
O laboratório conta com parcerias, como a desenvolvida com a Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Um dos projetos em andamento é o doutorado do médico veterinário Gabriel Rezende Souza, que investiga o perfil de resistência de carrapatos em cavalos.
“Temos várias parcerias com a Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Uma delas é o trabalho de doutorado do médico veterinário Gabriel Rezende Souza, que avalia o perfil de resistência de carrapatos dos cavalos”, detalha Daniel.
A professora da UFMG Lorena Lopes Ferreira, orientadora do projeto, explica que ainda há pouca informação sobre o tema no Brasil. “No Mestrado do Gabriel, avaliamos o carrapato do boi, agora passamos para o carrapato da orelha do cavalo e percebemos a ausência de informações. Não há registros, embora as infestações sejam uma reclamação frequente dos produtores e este teste gratuito esteja disponível”, pontua.
O exame, conhecido como Biocarrapaticidograma ou Teste de Eficácia Carrapaticida, é considerado o método mais recomendado para monitorar a resistência dos parasitas aos produtos comerciais.
Além de fornecer um diagnóstico preciso, o serviço busca envolver técnicos e produtores na adoção de estratégias mais eficientes de controle. “O que motivou essa demanda inicialmente foi o trabalho de doutorado, mas há desdobramentos importantes aí. O teste carrapaticida ainda é subutilizado e sua divulgação pode melhorar o entendimento e as estratégias de controle por parte do produtor”, ressalta Daniel.
A professora Lorena complementa que, em muitos casos, o problema não está no produto em si, mas no manejo. “Às vezes o produtor acha que um produto não está mais funcionando. Mas o problema pode estar no manejo, em falhas de aplicação. É um combo, não vamos parar no teste, vamos nos aprofundar, gerar e difundir orientações”, reforça.
Coleta das amostras exige atenção
Para o envio correto das amostras ao laboratório, é necessário seguir alguns cuidados, especialmente em relação ao tempo. “O ponto crítico para envio das amostras é o tempo até chegar ao laboratório. A entrega tem que ser antes das fêmeas de carrapato iniciarem a postura dos ovos. Apenas as fêmeas ficam ingurgitadas (repletas de sangue), por isso, são indicadas para as amostras”, orienta Daniel Sobreira.
O serviço é gratuito e os resultados permitem ao produtor adotar medidas mais eficazes no controle dos parasitas, reduzindo perdas e garantindo o bem-estar dos animais.