O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), responsabilizou a política externa do governo Lula pela crise nas exportações brasileiras, após a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos nacionais. Para o governador, a medida tem motivação política, e não apenas econômica.
“O tarifaço tem um impacto muito grande no Brasil, já que os Estados Unidos são um grande comprador de produtos produzidos no Brasil e também aqui em Minas Gerais. As exclusões anunciadas amenizam, razoavelmente, o problema, mas ele não desapareceu”, disse Zema em entrevista à Jovem Pan News nesta quinta-feira (31/7).
Críticas ao alinhamento do Brasil com países não democráticos
Na avaliação do governador, a retaliação dos EUA está diretamente relacionada à postura internacional adotada pelo presidente Lula (PT). “Nós vamos continuar enfrentando dificuldade muito em virtude dessa argumentação contra o dólar, um discurso anti-americano, anti-ocidente e essa proximidade enorme, desproporcional, com ditaduras, com países que não prezam a democracia. É o preço que o Brasil começou a pagar, não sabemos se esse preço vai aumentar”, afirmou.
Zema também ressaltou que o Brasil historicamente manteve boas relações com diferentes nações, o que estaria sendo alterado na atual gestão federal. “Infelizmente, nessa gestão Lula, nós estamos tendo uma proximidade desmedida com esses países que são totalmente desalinhados de práticas democráticas, não são países cristãos, não têm nenhuma afinidade inclusive geográfica com o Brasil”.
Medidas estaduais para mitigar os impactos
O governador anunciou ações locais para apoiar empresas mineiras atingidas pelas tarifas norte-americanas. Segundo ele, o estado já adotou medidas financeiras para amenizar os efeitos da crise.
“Estive reunido com empresários e líderes de setores e já disponibilizamos algumas medidas que estão em vigor, como a liberação de R$ 100 milhões de crédito de ICMS que levariam um bom tempo para serem ressarcidos. Vamos fazer isso num prazo curtíssimo para dar um alívio às empresas exportadoras”, explicou Zema.
Além disso, o governador anunciou uma linha de crédito especial via BDMG. “Estamos disponibilizando R$ 200 milhões pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais com taxa de 0,9% para esses empresários que também estão sendo afetados. Vamos acompanhar. Talvez mais medidas sejam necessárias”, declarou.
Críticas à atuação do governo federal
Zema afirmou que o setor produtivo tem cobrado soluções rápidas, mas que os estados têm autonomia limitada para negociar com outros países. “O que eles mais pedem é acabar com a retaliação, só que quem tem hoje autonomia para fazer isso, e infelizmente não está fazendo, é o governo federal. O presidente, em vez de dialogar, tem feito um discurso anti-Estados Unidos, continuando com uma postura que, no meu entender, só contribui para agravar a situação”, criticou.
Segundo ele, os estados do Sul e Sudeste são os mais atingidos pelas medidas americanas e estão tentando amenizar os danos por conta própria.
‘Trump usa economia para reconduzir o Brasil ao eixo’, diz Zema
Ao ser questionado se a decisão de Donald Trump era política, Zema respondeu diretamente. “Esse discurso do presidente Lula contra a ordem mundial não é de hoje. Isso fez os ânimos se exaltarem. Tudo tem limite. O que os países dos BRICS têm em comum? São cristãos? Não. Estão numa mesma região? Não. Compartilham valores democráticos? Também não”.
“O presidente Trump está usando a força econômica dos Estados Unidos para que o Brasil reconsidere isso. Pela primeira vez, estamos assistindo um presidente afrontar outros países. Trump está tentando reconduzir o Brasil para um lugar de onde ele nunca deveria ter saído”, afirmou.