Nova alta de juros e o risco da dominância fiscal

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Quais as consequências do aumento da Taxa Selic? (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

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Em 24/10/2022 escrevi a coluna “O que pode acontecer com seus investimentos após as eleições? Entenda os 3 cenários mais prováveis”. E sim, um daqueles cenários traçados por mim vem se construindo com mais clareza, dia após dia. Eu comentava que se Lula ganhasse e incluísse uma equipe descomprometida com a questão fiscal (gastos do governo maiores que suas receitas) teríamos: 

Um mandato nesses moldes teria resultados similares aos do governo de Dilma Rousseff, com impactos catastróficos para a economia, inclusive a possibilidade de taxas de juros explosivas, como as que temos observado na Argentina. (…) Este cenário seria desfavorável para investimentos em renda variável no Brasil, com espaço para ganhos em renda fixa

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Na semana passada o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, alcançando 12,25% ao ano. Sinalizou-se que podem haver ainda novas elevações nas próximas reuniões, o que pode conduzir a Selic a cerca de 14,25%, percentual similar ao pico dos juros no governo Dilma.

Dieta Descontrolada

Imagine o corpo humano ingerindo mais calorias do que gasta, dia após dia. O acúmulo de gordura é inevitável, e com o tempo, a saúde fica comprometida. Esse é exatamente o cenário do corpo econômico brasileiro. O governo aumentou significativamente os gastos, rompeu com a regra fiscal anterior, estabeleceu uma nova que não está seguindo e já mudou as metas da própria regra que criou.

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O exemplo mais recente dessa falta de compromisso fiscal é a demora para o anúncio de um tímido pacote de R$ 70 bilhões em cortes de gastos previsto para os próximos dois anos. Foi como dizer que vai começar uma dieta na véspera das festas de fim de ano: tardio, insuficiente e pouco crível. Paralelamente, o governo acenou com a promessa de campanha em uma medida que compromete ainda mais a questão fiscal: a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.

O Ciclo Vicioso e a Dominância Fiscal

A consequência desse descontrole é um ciclo vicioso que se autoalimenta:

1.    Para controlar a inflação, o Banco Central aumenta os juros.

2.    O custo da dívida pública cresce, piorando a trajetória fiscal.

3.    O mercado desconfia da solvência do governo, o que pressiona o dólar e gera mais inflação.

4.    O Banco Central é forçado a elevar os juros novamente.

Esse ciclo nos empurra perigosamente para a dominância fiscal, uma condição em que as contas públicas limitam a capacidade do Banco Central de controlar a inflação. Hoje, o impacto fiscal de um aumento de apenas 1% na taxa Selic (cerca de 50 bi anuais) já anula todo o esforço de cortes do governo, evidenciando o tamanho do problema.

O Remédio Amargo

Romper com esse ciclo exige coragem política. Reformas estruturais e cortes substanciais de gastos são indispensáveis para reequilibrar as contas. O peso da dívida pública já compromete investimentos essenciais em saúde, educação, segurança e infraestrutura. Se nada for feito, caminhamos para um colapso econômico similar ao de Dilma, onde juros altos e inflação corroem o poder de compra, desestimulam investimentos privados e promovem desemprego.

A mensagem para o governo é clara: o tempo está se esgotando. A contagem regressiva para o colapso econômico começou, e o custo da inação será pago por todos nós.

Conclusão

No cenário atual de descontrole fiscal, novo avanço da inflação e pressão cambial, proteger-se financeiramente é essencial. Diversificar investimentos em títulos públicos indexados à inflação, internacionalizar seus recursos em moedas fortes (como ativos em dólar), manter parte do capital em ativos de qualidade no setor imobiliário (geradores de caixa) ou utilizar outros instrumentos resilientes ajuda a preservar o poder de compra e enfrentar as incertezas econômicas. Esteja atento, nosso cenário atual não é positivo.

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